sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Olá queridos amigos, postarei agora duas poesias lindíssimas de nosso ilustríssimo e antológico Vinícius de Moraes, declamado por ele mesmo, por nossos gloriosos e digníssimos, Tom Jobim e Maria Bethânia.

Soneto de Fidelidade

Vinicius de Moraes



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

 Soneto de Separação



Vinícius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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terça-feira, 8 de novembro de 2011

LITERATUAR

Olá queridíssimos amigos visitantes e seguidores, venho para lhes apresentar o meu novo grupo teatral LITERATUAR, composto por:


Andreia Martins Viana

Djalma da Cunha Pessata

Leila Fontes de Souza

Noêmia Maria de Fontes Silva

Fernanda da Silva Ferreira

Ariana Caldas Lima

Renner Parente da Silva Junior


Todos nós somos estudantes da FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN do curso de LETRAS, nosso tema central é a literatura, daí o nome LITERATUAR.


Mais especificações:
  • Problema
Por que tantas pessoas encontram dificuldades para interpretar um texto literário?

  • Justificativa
O projeto é resultado do interesse do grupo por literatura e teatro, havendo também a preocupação em tentar minimizar a questão levantada no item anterior.
  • Hipóteses
Muitas pessoas não conhecem a vida e o estilo de cada escritor. Além disso, há um certo desconhecimento de recursos linguísticos utilizados pelos escritores.

  • Objetivos
Levar ao público de uma forma agradável informações sobre a vida, a obra e o estilo de grandes autores da Língua Portuguesa, estimulando não só o gosto pela literatura como também pelo teatro.
Abordar recursos linguísticos e fatos contextuais que tornem mais fácil a compreensão de certos textos literários.
  • Atividades
Produção de um vídeo sobre a vida e a obra de um grande escritor da Língua Portuguesa. O vídeo será conduzido por um apresentador.
Interpretação teatral de textos ou fragmentos de textos do escritor abordado. As interpretações acontecerão em determinados momentos em que o vídeo se referir a temas comuns na obra do autor. Nesses momentos, o vídeo será pausado para que a teatralização aconteça.


Em breve serão postadas fotos do grupo, as peças serão agendadas a partir do ano de 2012.

domingo, 6 de novembro de 2011

Olá amigos, venho aqui deixar uma bela poesia e um video de nossa gloriosa Maria Bethânia, onde ela declama a poema " O Doce mistério da vida " de Fernando Pessoa, este video me emocionou muito, espero que gostem!

O Doce Mistério da vida


Poema do Menino Jesus
Composição: Fernando Pessoa

Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como
uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.
Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez
menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a
ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra
fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo
andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e
roubou três.
Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que
Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou
eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele
criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado
na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro
raio que apanhou.
Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança
bonita, de riso natural.
Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças
d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece.
Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares,
e foge a chorar e a gritar dos cães.
Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha
graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as
bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.
A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para
elas.
Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no
degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS
e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo
e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair
no chão.
Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos
homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri
dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir
falar das guerras e dos comércios.
Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da
minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o
lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo
materno até Ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar,
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,
sorrindo para os meus sonhos.
Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais
pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua
casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e
humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu
brincar.