domingo, 4 de dezembro de 2011

Olá amigos, estou passando aqui para compartilhar com vocês, meus queridos seguidores, amigos e visitantes, 4 poesias que li nesta semana, que me encantou deslumbrantemente a tão profundas e intensas palavras, postarei junto a imagens para ilustrá-las. Poesias de Almeida Garret, Ary Barroso e Álvares de Azevedo. Espero que gostem, e sintam algo diferente como senti quando estas tocaram minha alma...

QUANDO EU SONHAVA

Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
...
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora, que estou desperto,
Agora a vejo fixar...
Para quê? - Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava - mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não na conhecia ...

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas
'
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GOZO E DOR
Se estou contente, querida,
... Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
– Não. Ai não; falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso do gozo é dor.
Dói-me alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida – ou a razão.

Folhas Caídas, Almeida Garret.
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POR CASA DESSA CABLOCA



À tarde
Quando de volta da serra
Com os pés sujinhos de terra
... Vem a cabocla passar
As flores vão pra beira do caminho
Pra ver aquele jeitinho
Que ela tem de caminhar
E quando ela na rede adormece
E o seu seio moreno esquece
De na camisa ocultar
As rolas
As rolas
Também morenas
Cobrem-lhe o colo de penas
Pra ele se agasalhar
Na noite
Dos seus cabelos,
Os grampos são feitos de pirilampos
Que às estrelas querem chegar
E as águas dos rios
Que vão passando
Fitam seus olhos pensando
Que já chegaram ao mar
Com ela dorme toda a natureza
Emudece a correnteza
Fica o céu todo apagado
Somente com o nome dela na boca
Pensando nesta cabocla
Fica um caboclo acordado...

(Samba,1935) - Ary Barroso
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SONETO
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
... Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada...
- Era um anjo entre nuvens d'alvorada,
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos, as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

(Álvares de Azevedo)
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